Estejamos mais otimistas ou pessimistas com a virada do ano e o início (finalmente) da vacinação no Brasil, nunca fomos confrontados tão de perto com um iminente fim do mundo quanto no ano passado – e não falamos só da pandemia aqui.

A pauta de um possível fim de mundo já assombra criativos da moda há algum tempo e já aparecia aqui e ali – normalmente motivada pela crise climática. Mas, confinados em casa, ansiosos e sem saber para onde vamos ou sequer onde estamos, o fim de mundo se tornou um assunto cada vez mais comentado e se uniu a referências e expressões estéticas para ser representado.
Ativamos todo o nosso referencial estético e de cultura pop para pensar: em uma eventual distopia ou apocalipse, que roupas vestiremos?
Mipinta Lucas Leão Marine Serre
Pode parecer estranho pensar em roupas quando falamos de fim de mundo e condições inóspitas, mas aí vale lembrar, que historicamente a indumentária cumpre diversas funções, dentre elas, oferecer proteção física contra condições climáticas adversas – parece familiar?
O repertório visual distópico ficou bastante frequente no nosso imaginário e apareceu na moda de diversas formas: recortes, sobreposições, tecidos e fios soltos, máscaras, vendas, óculos e roupas com formatos sobre humanos em meio a algumas “tendências” que já começávamos a ver.
O próprio Upcycling e rework enquanto estéticas visuais que dominaram as redes sociais em tutoriais de DIY – na rede ao lado – e em brechós, marcas pequenas e até grandes designers replicando essa técnica enquanto estética – não nos aprofundando em quão isso pode ser problemático ou não.
Brocki Brocki Brocki Brocki Brocki Brocki Brasilândia.co
Se pensarmos bem, faz sentido. Em um cenário pós-apocalíptico, com escassez de recursos, a reutilização e reciclagem dessas matérias seria uma, se não a única, alternativa viável. Ao mesmo tempo, essas peças de roupa estariam desgastadas, desbotadas, amareladas e rasgadas pelo caos da vivência em um mundo inóspito e pós-apocalíptico.
Enquanto sabemos que o início dos planos de vacinação mundo afora – e agora por aqui também – ainda não determina o fim da pandemia ou o retorno à vida “normal”, também entendemos que os impactos desse sentimento sobre nós, nossas expressões e criatividade, também não se cessará tão rápido. Historicamente, momentos como esse seguem refletindo na cultura e no comportamento por um bom tempo: seja com a criação de comunidades mais unidas e sustentáveis ou com hedonismo incessante e exacerbado #YOLO.